Parte III
Nunca acreditei que
as palavras tinham força e principalmente quando a jogamos ao vento como mamma
sempre fala, naquele momento durante a discussão com Diego jamais imaginei que
realmente naquela noite iria me apaixonar e muito menos viver intensamente
todos os momentos com ela, para que no outro dia acordasse encontrando o outro
lado da cama vazio e uma parte do meu coração despedaçado.
Depois da nossa
conversa nada amigável Diego e eu fomos finalmente para o Scarlate’s, Brown
achou estranho a cara de poucos amigos dele e me perguntou o motivo daquela
cara, então resolvi contar para ele os motivos que levaram ele até aquela
reação e comentando um pouco sobre a reforma que ele recentemente acabara no
Pub, durante esse tempo deixei Diego afinando os instrumentos e passando o som
sozinho ele precisava daquele tempo só para ele, para pensar no que ia fazer em
relação a Giulia e a Alessa, depois de um tempo foi que ele se juntou a mim e a
Brown parecia que havia resolvido o que fazer da vida já que estava com a
expressão mais leve e jogava conversa fora conosco normalmente, até mesmo ria.
O Scarlate’s
começou a funcionar às sete da noite, ficamos um pouco lá fora vendo o
movimento que crescia a cada minuto e depois fomos nos arrumar no camarim,
quando já íamos subir ao palco ele retomou a nossa conversa do apartamento.
- Luca!
- O que foi? –
olhando para trás
- Você já encontrou
a mulher da tua vida? – rindo
- Não! – rindo
também – Ainda não por quê?
- Nada não, só
quero que você me apresente ela antes de fazer qualquer loucura.
- Pode deixar, vou
te apresentar sim e não vou fazer nenhuma loucura também
- Bom quanto a isso
duvido muito, você só faz loucuras Luca. – rindo.
- Nossa grazie pela
parte que me toca. – fingindo estar sentido – Adesso podemos ir logo? – abrindo
a porta do camarim que dá acesso ao palco
- Sin!
Loucura... Diego
estava certo, realmente só faço loucuras e naquela noite encontrei alguém para
fazê-las junto comigo e foram de formas bem diferentes uma da outra e cada uma
melhor que a anterior...
Tínhamos o
repertorio bem eclético no inicio da carreira, tocávamos de tudo um pouco nos
shows, Bom Jovi, U2, Oasis, entre outros e músicas nossas também, já que sempre
escrevi e Diego fazia os arranjos. Sempre acabávamos o show com músicas nossas
enquanto o Brown vendia nossos discos ao lado do palco, estávamos já no fim
cantando “Se tu te ne vai” quando a vi se aproximar de Brown e pedir um dos
nossos CD’s.
Acabei esquecendo a
letra da música quando a vi, ela era tão linda... baixa mais ou menos com um
metro e sessenta e cinco, olhos negros como a noite, corpo completamente
desenhado, lábios cheios de desejos... o perfume que emanava dela foi o que
mais me chamou atenção, só o senti porque estava do lado de Brown e pude
perceber também que ele ficou meio sem jeito quando a viu se aproximar. Ela sem
duvida é a mulher mais linda do mundo...
Percebi que a
maioria dos homens que estavam naquela noite no Scarlate’s a olhavam imaginando
como a conseguiriam e de que forma poderiam levá-la para a cama, mas ela não se
importava com o olhar de nenhum deles e muito menos retribuía a algum em especial.
Os olhares dela estavam direcionados a uma única pessoa que eu não conseguia
identificar se era eu ou Diego, pois ela olhava para o palco com um meio
sorriso que ficava difícil de saber para quem era só sabia de uma única coisa:
Diego e eu não havíamos brigado no apartamento, mas se ele estivesse de olho
nela... nós com certeza iríamos brigar ali e por ela.
Quando Brown
entregou-lhe o CD e ela o pagou, segui-a com os olhos para saber aonde ia e a
vi se sentando em um dos bancos do bar que ficava bem a nossa frente, ela
continuava com o mesmo sorriso que demonstrara ao lado do palco, só que desta
vez tive a certeza de que ela estava olhando para mim e não para Diego.
O show terminou
logo depois comigo cantando “Strada”, Diego agia como se tivesse percebido o
meu encantamento por ela, me deixando cantando sozinho, só em algumas partes
ouvia-o, mas em boa parte cantei sozinho e olhando-a diretamente coisa que não
a deixou nenhum pouco constrangida segundo os olhares que lançava em minha
direção, durante e ao termino da música.
Brown também
percebera já que logo que déssemos do palco foi logo falar comigo...
- Luca!
- O que houve?
- Não faça nenhuma
besteira, pode ter certeza ela não vale à pena. – estendendo a mão para o braço
de Luca em sinal de preocupação.
- Não sei de quem
está falando Brown.
- A morena com
perfume de almíscar misturado com chocolate e violeta, sentado logo mais à
frente. – olhando em direção ao bar e fazendo Luca olhar para a mesma direção.
- Não se preocupe.
– voltando à atenção para Brown com um meio sorriso no rosto – Não vou fazer nenhuma
besteira. – caminhando em direção ao bar.
Era esse o perfume
que senti quando ela se aproximou do palco... almíscar... misturado com
chocolate e violeta... Brown estava certo quanto a isso já que ele era
perfumista antes de se tornar dono de Pub’s, mas estava errado quando dissera
que não valia apena, Dio sabe o quanto ela valeu e vale, daria tudo para estar ao
lado dela agora. Quando sai da conversa rápida com Brown fui direto ao bar e a
encontrei sentada de costas para mim com um copo de conhaque e pelo que
conhecia de Brown ele era suíço. Isso me mostrou uma coisa interessante sobre ela: Decidida, mulheres que bebem conhaque sabe o
que estão fazendo e como estão fazendo e ela sabia muito bem como me deixar
louco como, por exemplo, o que estava fazendo quando me sentei perto dela.
- Adorei sua voz
roca! – disse, enquanto passava o dedo indicador esquerdo pela borda da taça
antes de levá-la a boca – Você canta melhor do que seu irmão. – fitando-o pela
primeira vez
- Grazie! Mas como
sabe que ele é meu irmão? – olhando em volta procurando por Diego
- Fácil! Vocês
possuem a mesma linha de expressão entre os lábios, então suponho que são irmãos
ou primos, mas acho que acertei na minha primeira opção? – jogando os cabelos
para o lado e voltando a atenção para a taça de conhaque
- Sin! Acertou em
cheio. – dando um pequeno sorriso – E quanto a você?
- O que tem eu? –
olhando-o intrigada
- Possui irmãos? –
chamando o barman
- Humm! Que tal
você me dizer?
- Como se não a
conheço?
- Sei disso, mas o
que você acha tenho ou não irmãos?
- Humm! Não sei,
acho que não, mas se tiver deve dar um trabalho danado para o seu irmão mais
velho. – abrindo o sorriso e fazendo-a rir também.
- É você acertou,
tenho sim um irmão mais velho, mas errou quanto ao dar trabalho a ele. –
levantando o dedo indicador – Na verdade ele é quem me dar muito trabalho.
- Sei! – rindo e
tomando o drink que o barman havia acabado de lhe entregar
- Como ele sabia
qual drink queria? - vendo-o beber
- Hmmm! Sempre
tocamos aqui, quando estamos em Londres, todos já nos conhecem...
- Luca!
- Diego?
- Hã? Desculpa
interromper, mas é que Lex ligou e quer saber se a gente vai para a casa dele
adesso. – meio constrangido de ter que estar interrompendo o irmão.
- Não vou. Mas se
quiser ir tudo bem, sem problemas.
- Tá bom então,
hã... – com cara de quem não vai me apresentar à mulher da sua vida? Não quebra
a promessa vai.
- Ah! Diego está é
a... – percebendo que ainda não havia perguntado-lhe o nome
- Violet! – se
apressando e estendendo a mão em direção a ele
- Humm! Muito
prazer! – rindo do embaraço que se formava no rosto do irmão – Bom tô indo viu,
Ciao[1]!
- Ciao! – Violet e
Luca respondem juntos
- São italianos?
- Sin e você!
- Do mundo! – dando
um meio sorriso
Ficamos naquele
jogo durante um bom tempo, até conseguir tomar coragem e chamá-la para sairmos
dali, a minha intenção era apenas de andarmos pelas ruas ao redor e
continuarmos nosso jogo de perguntas respondidas com outras perguntas ou
incógnitas, mas com o passar do tempo minhas intenções foram sendo modificadas
e ajudadas com a chuva que começou a ficar cada vez mais forte desde a hora que
saímos do Scarlate’s.
Estávamos perto do
meu apartamento e resolvi de uma vez por todas que era melhor entrarmos, para
nos aquecermos se não acabaríamos pegando um resfriado ou coisa pior, ela não
titubeou de forma alguma com minha sugestão, já que estava tremendo e sua pele
morena estava pálida por conta do frio. Entramos e fui logo pegar algumas
toalhas para nos secarmos enquanto ela ficou na sala, toda enrolado no próprio
corpo em cima do sofá.
- Grazie! –
recebendo a toalha que era estendida a sua frente – O apartamento de vocês é
lindo – se levantando e indo em direção a varando da sala.
- Grazie! É mais
viável mantê-lo do que termos que pagar diárias em hotel todas as vezes que
viajamos para cá. – indo em direção a cozinha – Chocolate quente, Café ou outra
bebida mais quente? – fazendo-a voltar para a sala.
- Humm! Chocolate
quente. – rindo
Enquanto preparava
os chocolates continuamos o nosso joguinho e perguntas respondidas com outras
perguntas e enquanto o bebíamos também.
A cada momento que
passávamos ali juntos a conversar, fui percebendo melhor o que havia sentido
por ela desde o momento em que a vi no Scarlate’s, aqueles olhos negros haviam
despertado em mim um sentimento que crescia de uma forma que jamais senti por
nenhuma outra mulher. Eu a queria muito e de todas as forma que alguém poderia
imaginar e como queria... percebi que esse sentimento não era de forma alguma
rejeitado por ela, já que seus gestos e palavras demonstravam isso a todo tempo.
Queria tê-la em
meus braços, sentir o toque dela em meu corpo, ouvir-la gritar meu nome de
prazer, sentir aquele perfume que me embriagava tanto em seus cabelos e olhar
mais de perto a tatuagem no alto de sua nunca que não conseguia vê-la direito
por conta de seus longos cachos... A queria e tinha que ser naquele momento,
não a escutava há alguns
minutos... não literalmente, a ouvia sim só que de uma forma que suas palavras
não se união umas com as outras e
desta forma enquanto ela falava não aguentei e selei nossos lábios. Em momento
algum ela tentou se desfazer desse meu pequeno gesto de loucura, pelo contrario
correspondeu ao meu beijo tão desejosa quanto eu. Nossas línguas pareciam
intimas como se já se conhecessem, pois dançavam juntas, alucinadas, numa bela dança que parecia ensaiada.
Só nos separamos
para buscarmos um pouco de ar e logo em seguida voltamos a nos beijar e nos
acariciarmos sobre nossas roupas molhadas pela chuva que também era nossa trilha
sonora. As caricias foram aumentando dos dois lados. Meu desejo era grande por
ela e a puxei para mais próxima de meu corpo para senti-la ao mesmo tempo em
que a levava para o quarto, Lá me posicionei atrás dela, beijando sua nuca e
suas orelhas deliberadamente enquanto retirava seu vestido ensopado que mesmo
com o peso da água caiu delicadamente no chão revelando o paraíso humano de seu
corpo. Ela não usava sutiã e sua calcinha era digna de seu nome, enquanto a
beijava ela me ajudava a retirar minha camisa e minha calça num misto de cuidado e pressa, minhas mãos
passeavam por seu colo descoberto e minha boca por sua barriga, subindo em
direção aos seus seios que me lembrava que eram do tamanho coreto enquanto
conversávamos, mas ali estavam maiores por conta da excitação das duas partes
que eram extremas, resolvi dar-lhes um pouco mais de atenção, em troca ela me
soltava gemidos de prazer que só aumentavam na medida em que intensificava as
caricias.
A cada toque, a
cada beijo que trocávamos mais e mais nosso prazer ia crescendo, ela me pedia
que a tornasse minha por completo de uma vez, também queria isso, tê-la por
inteiro. Mas confesso que estava adorando vê-la tão desejosa de mim e também
queria provocá-la um pouco mais, para que na hora do ato mais esperado
sentíssemos juntos o verdadeiro prazer.
- Luca! Humm! Per
favore!
Até que resolvi que
já era hora de fazer com que nosso prazer fosse completo, o seu era aumentado a cada movimento
que fazia. Iniciei-os leves e depois os aumentei. Entrava e saia louco de
prazer, ela pedia para não parar, queria-me ali, dentro dela, não pensei duas vezes e fiz o que me pedia, ficamos
assim até atingirmos juntos os ápices do amor e
do desejo.
Descansamos um
pouco até que começamos tudo mais uma vez até nossos corpos suados e cansados
não mais aguentarem. Ela
adormeceu logo em seguida com a cabeça encostada em meu peito, foi então que
lembrei da tatuagem em sua nuca que não
conseguira ver antes, retirei algumas mexas de seu
cabelo e então a vi, era uma estrela de sete pontas e acabei dormindo depois.
Já era tarde quando
acordei na manhã seguinte sentindo o perfume dela exalar por todo o quarto, mas
quando abri os olhos ela não estava mais deitada a meu lado e muito menos seu
vestido estava no chão como de madrugada, levantei então pegando a mesma calça
que estava na noite passada e indo em direção à sala, onde pensei que a
encontraria fazendo o nosso café, mas isso foi um terrível engano e meu
pesadelo começou ali...
- Violet?
- Ela foi embora já
faz duas horas Luca. – Diego é quem lhe respondera
- Como assim foi
embora? – intrigado.
- Quando levantei,
ela tava abrindo a porta para sair – tentando se lembrar com mais exatidão.
- Ela disse alguma
coisa? – assustado
- Sin!
- O quê?
- Diga a ele...
- O quê?
- Se você parar de
me interromper. – se estressando – Bon Giorno! Un Baccio!
- Só isso? – não
acreditando – Não disse mais nada, um número ou um endereço?
- Não Luca ela não
disse mais nada, sinto muito. – com pena do irmão.
Sonho...
Imaginação...
Pesadelo...
Não ela era real...
Adesso não deveria
nunca ter me deixado, não sei o que poderia ter acontecido de errado conosco se
ela tivesse ficado, mas também não sei o que poderia ter sido bom, já que ela
não nós deu essa chance.
Passei ainda uma
semana em Londres depois daquela noite e todas as noites ia ao Scarlate’s para
ver se ela aparecia por lá, já que havia contado que sempre cantávamos ali e
que todos nos conhecia, mas nada, ela nunca deu noticia. Brown tentou me
alegrar e ainda hoje tenta, mas nunca mais falou que ela não valia apena, acho
que realmente o Scarlate’s possui uma aura maligna para os corações apaixonados
como o Brown diz quando está bêbado, foi lá que ele teve a sua primeira e única
paixão que também o abandonou.
Ainda volto a
Londres e passo por todos os lugares que andamos naquela noite do Scarlate’s
até o apartamento, sempre me lembrando dela, de seu sorriso e de seu perfume...
almíscar misturado com chocolate e violeta.
O perfume que
procuro por onde passo, em cada mulher que conheço que me lembre a ela...
Todos se perguntam
o porquê de minha mudança, Violet é o motivo. E não entendem quando tento
explicar, por isso cansei de fazer isso, prefiro ficar no meu casulo,
escrevendo sobre esse amor que sinto por ela. Enquanto faço isso acabo
despedaçando os corações de mulheres que não possuem nada haver com essa
história, mas no fundo acabo as culpando por se parecerem um pouco que seja com
ela ou então por possuírem em seus perfumes uma das essências que o dela
possui.
Violet...
O perfume de
Violet... Embriaga-me... Como ela uma vez me embriagou... de
prazer... e amor...
- Dio mio!
- Ela é o motivo da
mudança dele mamma. – Diego sentando na cama, abraçando a mãe está se debulhando
em lagrimas.
- Per chè? Nunca me
contaram nada. – olhando o filho com coração ferido pelo sofrimento do mais
velho.
- Ele sempre tentou
mamma, mas a senhora nunca tentou entender...
- Não isso não é
verdade. – desesperada
- É sim – enxugando
as lagrimas dela com as costas da mão – Nunca ninguém deixou Luca contar e
muito menos tentou entender a mudança dele, apenas o criticavam e o criticam
ainda.
- Ela nunca...
nunca reapareceu? – tentando engolir o choro
- Não! Todas as
vezes que Luca foge de casa vai para Londres, mas nada... – suspirando – Nem
sabemos se o nome dela é realmente Violet. – olhando em volta do pequeno
refugio do irmão e segurando o olhar por um tempo maior em cima da escrivaninha
mais a frente onde tem papeis soltos indicando que Luca estava compondo, antes
de fugir novamente de Verona deixando a mãe preocupada e um rastro de roupas
jogadas pelo chão do quarto.
- Perchè l’ha fatto fare[2]? – ainda soluçando
- Não sei mamma,
mas só mostrei o diário do Luca, porque só assim a senhora iria entender e
parar de criticá-lo tanto. – se levantando e indo em direção aos papeis soltos
na escrivaninha dando uma olhada – Ele sabe que não é certo fazer o que faz com
essas garotas, mas é o único remédio para a dor que ele sente. – voltando para
a cama e se ajoelhando aos pés da mãe – Por favor não critique mais o Luca,
deixe-o viver da forma como ele quer, está certo?
- Humm! –
balançando a cabeça em sinal de confirmação – Mas e você?
- Io?
- Giulia e a Alessa?
- Giulia. –
abaixando a cabeça – depois do que houve, duvido muito que Alessa algum dia
volte à Itália ou olhe para mim...
- Então... té...
não vai lotta per il tuo amore?
- Eu to lutando.
- Non... non
está... – intrigada.
- Estou sim. –
olhando a mãe com um meio sorriso – A música mamma é o meu grande amor e luto
por ela a cada momento da minha vida.
- Dio o que aconteceram
com mios bambinos? – dando um beijo em Diego e saindo do quarto.
- O meu amor pela
música é grande, mas não é maior do que o que sinto por Alessa... – devolvendo
o diário de Luca a prateleira de livros.