CAPÍTULO 2 - O INESPERADO
Como eu já esperava, mesmo dizendo
que não queria nada, meu pai me trouxe um lanche: sanduíche natural e
refrigerante. Para dizer a verdade, eu realmente estava com fome e acabei
devorando o sanduíche primeiro. Quando abri a latinha de refrigerante, senti
meu rosto todo molhado. Lá estava eu, toda encharcada, com o rosto vermelho ao
ouvir os risos das pessoas que estavam ao me redor.
-
Querida, você precisa de ajuda? – perguntou meu pai, pegando a latinha que
estava em minha mão.
- Não, está tudo bem. Só preciso
lavar o rosto e trocar de blusa. – Eu não podia acreditar que logo a minha blusa
favorita, que tem um trecho de uma música do Sonohra, estava manchada. A cada
segundo que passava eu sentia mais raiva da situação.
Não tive coragem de olhar para os
lados, logo abri minha mala, peguei uma toalha e uma blusa qualquer e fui
direto para o banheiro. O banheiro não estava muito distante de onde me
encontrava. Eu estava tão envergonhada, que estava andando de cabeça abaixada e
quase entrei no banheiro masculino; acabei esbarrando em alguém, que disse algo
em inglês, mas tinha sotaque de italiano.
Quando olhei para o seu rosto e
eu não consegui acreditar em quem era. O meu ídolo. Meu compositor favorito. Eu
tatuei uma música dele no meu corpo. O cara mais tudo de bom que eu já vi. Sim,
senhores, era o Luca Fainello. Em carne, osso e aquele cabelo maravilhoso.
Fiquei tão paralisada que não
consegui falar quase nada. Pedi desculpas, não sei em que idioma, e acabei
entrando no banheiro masculino mesmo. Não consegui olhar para trás, não pude
ver sua reação. Deve ter me achado uma completa maluca.
Eu fui direto para a pia, lavar
meu rosto, me enxuguei e quando me olhei no espelho estava sorrindo que nem uma
boba. Mas ao mesmo tempo, veio a raiva. Como eu não consegui falar com o Luca?
Nem dizer um oi, pedir um autógrafo. Com certeza, eu sou a sonohrina mais burra
de todos os tempos. Não estarei em São Paulo para ir ao show do Sonohra e ainda
desperdicei uma chance que poucas fãs tem. Será que dava tempo de correr atrás
dele?
Um homem estava saindo da sua
cabine e me olhou com uma cara estranha, devia estar se perguntando o que eu
fazia ali. Resolvi que era hora de sair do banheiro e ir atrás do meu italiano-todo-poderoso
Luca. Recolhi minhas coisas e quando estava saindo, o cara do banheiro me
chamou:
- Senhorita, você está se
esquecendo da sua bagagem! – Disse ele meio sério.
- É? Ah, é verdade. Estou um
pouco esquecida hoje. – Fiquei sem reação na hora. Eu só tinha levado comigo
uma toalha e uma blusa. Mas eu estava doida para sair daquele banheiro e quando
saísse, deixaria aquela mala nos achados e perdidos do aeroporto. – Obrigada.
Peguei a mala e me mandei dali.
Fui atrás de quem interessava. Mas meus pais estavam loucos me procurando, pois
nosso voo tinha sido liberado e precisávamos embarcar urgentemente.
- O que? Mas logo agora? – Disse
nervosa, querendo correr para longe deles.
- E não estamos aqui para isso? –
acho que minha mãe estava pronta para me agarrar pelo braço.
- Eu sei, mas preciso entregar
essa mala para o dono e procurar o Luca.
- Que Luca? Não me diga que é um
outro namorado. – Meu pai sempre tão desligado, que não sei se rio de nervoso
ou dele falando disso.
- Não. Na verdade... bem que eu
queria. É o Luca Fainello, ele está aqui. Preciso encontrá-lo e deixar essa
mala em algum lugar – digo ainda mais nervosa.
- Falando desse cara de novo? – Rebateu
minha mãe.
- Deixa ela, Adriana. Precisamos
ir. – Disse meu pai nervoso com a situação – Infelizmente, esse tal de Luca
fica para outro dia. E sobre a mala, daremos um jeito quando chegarmos a
Manaus, mas agora precisamos ir.
Definitivamente, hoje não é o meu
dia de sorte!